PROCESSO DE RESTAURO
1. DIAGNÓSTICO – LUZ RASANTE
Na etapa preliminar do diagnóstico, é importante servir-se da luz rasante para detectar desníveis, lacunas, fraturas da camada pictórica, assim como para estudar a mesma técnica pictórica do pintor. Neste caso do Tiziano, no quadro ao lado, a pincelada é a própria assinatura do pintor.
Tiziano Vecellio, Retrato de Papa Sisto IV,1545/1546
Na luz rasante é possível também observar o descolar da camada pictórica, elevações e desníveis devidos a restaurações anteriores.
Gian Domenico Cerrini, San Bernardo Abbate di Chiaravalle, Galleria degli Uffizi
2. ULTRAVIOLETA
A observação e a documentação fotográfica na luz ultravioleta são importantes para detectar vernizes, retoques e repinturas.
Tiziano Vecellio, Retrato de Papa Sisto IV,1545/1546
Devido à diferente fluorescência dos materiais, é possível evidenciar retoques não visíveis a olho nu.
Domenico di Giacomo detto il Beccafumi 1486-1551 La sacra famiglia 1517
3. MICROSCOPIA
Observação no microscópio-estereoscópio 30X
A microscopia é mais um auxílio no diagnóstico da superfície da pintura, muito útil para averiguar a autenticidade das camadas pictóricas ou mesmo a da obra.
Tiziano Vecellio, Retrato de Papa Sisto IV,1545/1546
4. CORTES TRANSVERSAIS
Os cortes transversais de micro-amostras de pintura são análises mais sofisticadas, não de rotina, necessárias no esclarecimento durante o restauro, para identificar a situação estratigráfica e estabelecer a natureza dos pigmentos.
Corte transversal da amostra com boa observação das camadas. Luz reflexa 400x.
Tiziano Vecellio, Retrato de Papa Sisto IV,1545/1546
5. DESINFESTAÇÃO
A desinfecção dos bichos-carpinteiros ou outros micro-organismos que atacam a obra (mofos, ácaros, etc.) é um dos primeiros passos de conservação.
6. INTERVENÇÃO CONSERVATIVA
Um dos passos conservativos que podem precisar, no caso de rasgo da tela, é a soldadura fio a fio e a reparação de furos mediante cerzidos. Este método se afirmou na última década na Europa como alternativa, menos invasiva que o reentelado.
7. FIXAÇÃO
Consolidação da camada pictórica, neste caso a folha de ouro, através de infiltração de fixativo.
Mestre espanhol do séc. XVI, Madona com Jesus menino
8. LIMPEZA E REGENERAÇÃO
Sendo que freqüentemente a obra foi remanejada no passado com intervenções mal feitas, que cobrem o original, o restaurador moderno tem que avaliar o estado de conservação do original escondido e decidir, se é oportuno retirar estas repinturas para resgatar o original.
Uma repintura antiga, do séc. XVIII, neste caso foi removida com bisturi.
Agnolo Gaddi, Crocefissione 1394, Galleria degli Uffizi
A remoção de materiais não originais, como vernizes, repinturas, retoques e sujeira ambiental é a etapa do trabalho mais delicada, e deve ser feita por um profissional especializado e experiente, por ser potencialmente é destrutiva.
A restauradora Karin, que se formou e trabalhou em equipes muito destacadas, realiza a limpeza com muito cuidado. É avaliada a cada passo, a quantidade de material a ser removida, sem se atingir o original, mas mantendo a obra com o charme da idade.
A limpeza valoriza bastante o quadro.
Hans Memling 1430 – 1494, Retrato de um jovem 1490 ca.
A limpeza pode ser efetuada com métodos químicos ou com bisturi.
9. RESTAURO PICTÓRICO – REINTEGRAÇÃO
Na fase de reconstrução, a restauradora Karin executa douraduras com ouro em folha de acordo com as técnicas antigas.
Nesta fotografia, ela está aplicando o bolo, base para a folha de ouro.
Restauro pictórico: à esquerda visíveis depois da estucadura; à direita, depois da reconstrução das lacunas.